Grand Fondo em Montevidéu


No final de abril, eu e a Ju tiramos uns dias de férias e fomos para Montevidéu. Nossa ida teve dois motivos: arejar a cabeça em terras hermanas e, ao menos para mim, participar da primeira etapa de ciclismo do Tour Movistar Uruguay.

Para ficarmos mais tranquilos durante a viagem, optei por desmontar a bicicleta e colocá-la no porta-malas do Fusion. Por ser um baita porta-malas, couberam a bicicleta, nossas bolsas de viagem e ainda sobrou espaço. Com tudo guardado, poderíamos parar em qualquer lugar sem eu ter que me preocupar em cuidar da bicicleta, visto que nossa ideia era aproveitar o caminho, parando para almoçar, tomar café em algum posto de gasolina, etc.

Saímos de Pelotas na quinta-feira, dia 24 de abril, por volta das 10h30, o que considero tarde. Deixamos o Vígi na casa do meu pai, fomos a uma farmácia para a Ju comprar algo que não lembro e, às 11h, partimos de vez. Decidi seguir em direção ao Chuí, para podermos apreciar as belezas do Taim e um pouco da costa uruguaia, mesmo sabendo que aquele trecho final da BR-471 é uma estrada “bem meia boca”. Minha ideia era entrar no Uruguai e, em Castillos, descer para a Ruta 10, passando por Aguas Dulces, Cabo Polonio, La Pedrera e La Paloma. A Ju não conhece aquelas bandas, então esse era o objetivo. Por termos saído tarde, optei por não pegar a Ruta 10 e seguir direto pela Ruta 9 até Montevidéu.

Para variar, as estradas do Uruguai estavam impecáveis. Além da qualidade ser excelente, muitas obras estavam sendo realizadas, principalmente entre Rocha e Montevidéu. Duplicações, construções de viadutos, etc. Ao menos isso justifica o pedágio, que nos custou um total de $ 901,00 (pesos uruguaios), o que deu cerca de R$ 128,00 para todos os trechos da viagem (6 postos de pedágio).

Chegamos na capital uruguaia por volta das 21h, cansados e com fome. Fizemos o check-in no hotel, Ibis Montevideo Rambla, que fica na orla da praia, na Rambla República Argentina. Ainda no hotel, recebemos um vale “dose de vinho” para um restaurante bem pertinho dali, o Restaurante La Recoleta, então decidimos ir até lá. O local estava cheio, mas havia mesas disponíveis. Pedimos um prato de massas para cada um e nossos vinhos; eu escolhi um rosé e a Ju um branco. Foi um excelente jantar para começarmos a viagem com o pé direito. Voltamos para o hotel e fomos dormir.

Foto tirada dentro do carro, ainda na estrada até Montevidéu, mostrando o pôr do Sol em terras uruguaias.


Sexta-feira, 25/04

No dia seguinte, acordamos por volta das 8h, devidamente descansados e prontos para caminhar. Tomamos café no hotel e começamos a desbravar. A primeira parada foi o Cemitério Nacional. A entrada é gratuita, o local é relativamente pequeno, mas muito bonito. Vale a pena entrar e conhecer. Ficamos quase duas horas lá dentro. Saindo de lá, nos dirigimos para o centro histórico e a Plaza Independencia. No meio do caminho, comemos algumas bobagens no La Passiva da Plaza Fabini, uma rede de restaurantes bastante comum por lá, que tem em vários lugares. Depois, fomos visitar o Museo de la Casa del Gobierno. O prédio é o antigo palácio presidencial, mas hoje abriga o museu da presidência. A entrada é franca e vale muito a pena conhecer. Segundo a Ju, é o lugar mais cheiroso que ela já conheceu. 😂

Depois, foi a vez do Palácio Salvo. Optamos por comprar ingressos para a visita guiada, e acho que foi o passeio mais caro de toda a viagem. Os dois ingressos nos custaram $ 1.082,00 (cerca de R$ 154,00). Fomos lá por recomendação de um amigo que já morou alguns anos na cidade, inclusive no próprio Palácio Salvo. A história do lugar é bem legal, e poder subir até o último andar e ver toda a cidade a quase 100 metros de altura é supimpa!

Foto da Plaza Independencia, mostrando ao fundo a estátua do General Artigas sobre seu mausoléu.

Cruzamos a Plaza Independência para chegar ao Teatro Solís. A entrada com visita guiada nos custou $ 150,00 para cada um (cerca de R$ 21,50) e valeu cada centavo! O teatro é lindíssimo e a nossa guia, uma brasileira, era bastante simpática e solícita. Este é um lugar que eu aconselho a qualquer um que vá a Montevidéu visitar. Pena que não conseguimos assistir a nenhum espetáculo por lá; todos estavam esgotados naquele dia e nos próximos.

Antes de finalizarmos o dia, tomamos um café na Café La Farmacia. O local é muito aconchegante e a comida deliciosa. Pedimos uma torta doce de ricota e uma focaccia recheada com queijo, presunto cru e outras coisas que não lembro. Tudo estava absurdamente bom!

Foto da nossa mesa na La Farmacia, mostrando nossas xícaras de porcelana na cor verde azulada contendo chá, a torta de ricota e a focaccia recheada.

À noite, ainda resolvi, sozinho, dar uma volta pela rambla. Estava uma noite quente e todo mundo estava na rua, aproveitando para curtir a chegada do final de semana. Baita clima!


Sábado, 26/04

No sábado pela manhã, a temperatura caiu bastante, com máximas de 19 ºC. Acordamos bem cedinho e atravessamos a cidade para pegar meu kit da prova. O kit consistia na camiseta oficial, na numeração da bicicleta e no chip. A entrega estava sendo feita em frente ao luxuoso hotel Sofitel Montevideo Casino Carrasco and Spa, um desbunde de hotel. Depois disso, voltamos para o centro histórico e continuamos nossa saga de museus. Foi a vez do Museo Andes 1972, que abriga informações e itens sobre o acidente de avião que vitimou a equipe de rugby uruguaia em 1972. A entrada foi paga via Pix e custou R$ 50,00 para cada um. Valeu a pena; o museu é relativamente pequeno, mas tem muita coisa interessante. Vale a pena também experimentar o simulador de frio que tem lá dentro (até hoje lamento que o de Oslo não estava funcionando quando eu fui).

A uma quadra de distância, fomos até o Cabildo. Antigamente, uma espécie de prefeitura da cidade, atualmente, um museu. É mantido pelo governo e a entrada é gratuita, inclusive a visita guiada. Esse foi outro lugar que me surpreendeu. O guia que nos recebeu era muito, muito bom. Passamos mais de uma hora conversando com ele, durante a qual aprendemos muita coisa sobre a história do Uruguai. O lugar é legal, mas o guia é o ponto forte!

Já eram quase 17h e ainda não tínhamos almoçado. Como estávamos perto do Mercado del Puerto, fomos até lá para comer um assado. Por indicação daquele meu amigo que morou no local, comemos no El Palenque. Para ser sincero, até que estava bom, mas, na minha opinião, não valia o preço. Caro demais. Acho que dentro do Mercado há restaurantes com melhor custo/benefício.

Quando já íamos embora, de volta para o carro, passamos em frente ao Museo del Gaucho y la Moneda. O museu está localizado onde era a Casa Central del Banco República, o “Banco do Brasil” deles. O prédio é imponente, majestoso, com muito mármore e madeira nobre. A exposição também é muito interessante e conta a história do povo gaucho e da moeda uruguaia. Tudo ali é deslumbrante, tudo muito bem cuidado e bonito. A entrada é franca. Pena que chegamos no final do dia e não conseguimos ver tudo. Vale uma volta!


Domingo, 27/04

No domingo, para variar, acordei atrasado. A largada do Gran Fondo estava marcada para às 8h. Tomamos rapidamente o café da manhã, entramos no carro e partimos para o local da prova. Como cheguei “em cima da hora”, não consegui me posicionar bem e fiquei lá para trás, junto com o pessoal do fundão e longe dos principais corredores. Não preciso dizer que não tive tempo de aquecer; larguei frio, uma maravilha. Como também não vinha treinando com afinco, obviamente não performei bem, mas fui até melhor do que eu imaginava. Durante toda a prova, fui escalando de pelotão em pelotão, subindo na classificação. Porém, por volta do quilômetro 70, as baterias começaram a acabar. A prova consistia em 99 km, então os últimos 29 foram sofríveis. É uma pena; com um pouco mais de treino, eu teria me saído bem melhor. Não tenho queixa alguma da organização do evento: tudo bem sinalizado, vários batedores da polícia nas estradas e guardas nos cruzamentos. Durante o trajeto, vi duas ambulâncias para eventuais necessidades, além da que estava na linha de largada/chegada. Para a pré-corrida, foram disponibilizadas frutas, frutas secas, bolachas e isotônicos, e na pós-corrida, além de tudo isso, massagistas para quem quisesse. Minha prova pode ser vista aqui. A próxima etapa será em 27 de outubro, um dia antes do meu aniversário, na cidade de Rivera. Espero estar lá.

Foto tirada por um dos fotógrafos oficiais do evento. Mostra eu sobre minha bicicleta.

Depois da corrida, voltamos ao hotel. Precisava tomar um banho e trocar de roupa para me sentir à vontade depois do esforço da manhã. Fomos almoçar no restaurante e pizzaria Rodelu, que fica no Parque Rodó, e depois ficamos ali pela volta, descansando embaixo das árvores ou visitando locais ao redor. Um desses locais foi o Olegaria Café, uma pequena cafeteria. Peguei um alfajor de amido de milho e um chocolate quente. Muito bom! Logo após, fomos visitar o Museo Nacional de Artes Visuales. Confesso que arte moderna não é minha praia; acho uma coisa nada a ver, mas ainda bem que havia outras exposições no local, como a dedicada ao artista uruguaio Carlos Palleiro, que era muito, muito bonita. Só por essa já teria valido a pena; porém, havia outras coisas legais, como a exposição de cerâmica, que também era divertida.

Foto da escultura de uma das mais conhecidas obras de Palleiro, uma pomba-mão, pintada em listras verdes escuro e verde claro.

Para encerrar o dia, passeamos um pouco mais no Parque Rodó, fomos até o Castillo e comemos um pancho cada um. Já à noite, quando estávamos no hotel, resolvi sair e ir até a beira-mar, afinal, era 27 de abril, data do falecimento de minha mãe. Sete anos, já. Como de praxe, lá fiquei, observando a água e sentindo o vento e o frio; deu saudade. Vontade de ligar para casa e falar com ela, contar do meu dia, da corrida, das minhas férias, dos meus planos… Não pude telefonar, mas pude, através dos meus pensamentos, contar isso para ela. E é isso o que me resta… De volta ao hotel, pedi uma sopa e uma empanada para aquecer o corpo.


Segunda-feira, 28/04

A volta foi legal. Saímos do hotel às 8h e pegamos a estrada rumo à Casapueblo, em Punta Ballena. O trânsito fluía tranquilo, como de praxe nas terras uruguaias. A Casapueblo é um local que todos deveriam conhecer. É uma bela construção, em um lugar quase mágico e com uma história magnífica. Conhecer a história de Vilaró é bastante interessante (link para o artigo na Wikipedia-pt), sem contar suas obras, que são bem legais (sem contar a própria Casapueblo, sua magnum opus). Saímos de lá, passamos por Punta del Este e pegamos novamente a Ruta 9 em direção ao Brasil. A ideia, novamente, era pegar a Ruta 10 em Rocha para passar por La Paloma, La Pedrera, Cabo Polonio e Aguas Dulces; porém, como ficamos muito tempo em Casapueblo e em Punta del Este, achamos melhor não passar por lá e deixar para uma próxima. Também queríamos passar nos free shops do Chuy para umas comprinhas. E foi uma ideia acertada, visto que chegamos em casa quase às 22h.

Eu e a Ju em um terraço na Casapueblo, com o mar ao fundo. Estou vestindo um blusão azul marinho com listras brancas e uma jaqueta de couro marrom, a Ju um casaco preto e uma manta azul.

Um total de 1.290 km percorridos, várias experiências adquiridas e um amor cada vez maior pelas terras hermanas. <3



Calma •
Todo está en calma •
Deja que el beso dure •
Deja que el tiempo cure •
Deja que el alma •
Tenga la misma edad •
Que la edad del cielo •
La misma edad •
Que la edad del cielo •

Jorge Drexler - La edad del cielo