Férias pelas praias do sul


Era dia 16 de novembro e eu e a Ju fomos na Roca, uma cervejaria daqui da cidade, fazer um happy hour. Lá, entre pizzas e cervejas, decidimos nosso roteiro das férias de janeiro: iríamos à Ushuaia e levaríamos o Vígi conosco. Nos dias seguintes comecei a fazer nosso roteiro, pesquisando em sites e conversando com amigos e conhecidos que já haviam ido para lá. Minha ideia era ir costeando o Oceano Atlântico e voltar pelo oeste argentino, aos pés da Cordilheira dos Andes. Vi que seria uma viagem que demandaria muito tempo dentro do carro, afinal seriam pouco mais de 10.000 km de ida e volta, bastante cansativa.

Poucos dias depois a Ju teve que ir à um fórum de coordenadores dos cursos de pós-graduação em nutrição na cidade de João Pessoa, e numa noite dessas na qual ela esteve fora, durante um telefonema entre nós, decidimos mudar o destino. Alguns dos principais motivos foram: a distância em demasia, que resultaria em muito tempo dentro do carro, que para todos nós, e principalmente para o Vígi, seria bastante chato; os tipos de passeios que limitariam ele de aproveitar mais, afinal lá existem muitas reservas naturais nas quais cães não podem entrar (compreensível); a burocracia para entrar com um cachorro por aqueles lados; e a dificuldade em achar hotéis e pousadas que aceitem cães. Resolvemos então seguir com o plano de levar o Vígi mas alterando o destino, dessa vez mirando para o norte, para as praias do Paraná.

O único destino que tínhamos em mente era a ilha de Superagui, a qual a Ju já tinha estado uns 10 anos antes e gostaria de ir novamente. As datas eram quase as mesmas, sairíamos de Pelotas, de carro, em algum dia entre o Natal e o ano novo e voltaríamos no meio de janeiro. As hospedagens seriam feitas usando airbnb pela facilidade de achar locais que aceitem cães. Com base nisso, sentamos novamente na frente do computador e começamos a pesquisar lugares e coisas legais para fazer por lá.

Eu e a Ju não gostamos muito de ficar planejando coisas para fazer nas viagens, temos preferência por ir em determinado lugar e lá descobrir naturalmente o que nos agradada de fazer. Por esse nosso jeito de ser, conseguimos em um noite “fechar” o roteiro. Havia ficado o seguinte:

Primeiro destino: Parada para descanso e pernoite em Criciúma / SC.
Segundo destino: Tagaçaba / PR
Terceiro destino: Pontal do Paraná / PR
Quarto destino: Ilha do Mel / PR
Quinto destino: Paranaguá / PR
Sexto destino: Superagui / PR
Sétimo destino: Imbituba / SC
Oitavo destino: a decidir, alguma cidade no Rio Grande do Sul

No meio de dezembro meu cunhado decidiu que iria junto; ele, a esposa e os dois filhos. Sem problemas, quanto mais gente no grupo, mais cabeças pensantes e mais oportunidades de fazermos coisas diferentes. Partiu!


Criciúma / SC

Saímos de Pelotas pela BR-116, sendo ela quase totalmente duplicada, com poucos trechos não-duplicados entre Pelotas e Porto Alegre. Os pedágios da Ecosul são bem mais caros (na época, R$ 15,20), porém o serviço prestado ao motorista é melhor que das concessionárias que vieram depois. Já mais acima, passando Porto Alegre, pegamos a Freeway. A estrada é uma maravilha, o asfalto é bom e a quantidade de pistas disponíveis fazem com que tudo flua bem. Apesar disso, o pedágio fica bem barato, porém o atendimento ao usuário cai de qualidade. Logo após, entramos na BR-101 com destino à Santa Catarina.

Nunca havia ido à Criciúma. Cidade bonita, arrumadinha, bem organizada, limpa e com muitos morros. Ficamos num apartamento que recentemente havia sido reformado, portanto tudo era novo, e assim como a cidade, limpo e bem organizado. Como já era final de tarde quando chegamos, saímos apenas para dar uma volta com o Vígi, algo rápido, apenas uma caminhada no quarteirão. No dia seguinte tomamos café num posto de combustíveis (Posto Rosso) e enchi o tanque do carro. Café padrão de tudo quanto é loja de conveniência e gasolina com um preço bastante semelhante ao que pagamos aqui no Rio Grande do Sul. Logo, seguimos viagem pela BR-101.


Tagaçaba / PR

Dia 30. Cruzamos o litoral de Santa Catarina e chegamos na divisa com o estado do Paraná através da BR-376. Não sabia que havia uma região serrana por ali e fiquei maravilhado com a beleza do local. A estrada passa pelo meio da Mata Atlântica, sobe, desce e faz curvas dentro aquele cenário maravilhoso. O trânsito é intenso, portanto deve ser melhor ainda viajar por lá em dias que tudo está mais calmo.

Seguimos por ela até chegar novamente num pequeno trecho da BR-116, que logo em seguida liga na BR-277. Em Morretes, paramos para abastecer o carro, e foi onde descobri que a gasolina na Paraná é muito cara. A média de preços por lá era de R$ 6,30, muito acima a que estávamos acostumados a pagar aqui no Rio Grande do Sul (média de R$ 5,40). Mesmo bastante indignado, tive que abastecer… Saímos de Morretes e pegamos a PR-804, passamos por Antonina e pagamos a PR-340. Poucos quilômetros depois, pegamos a última estrada, a PR-405. Posso dizer certamente que esse trecho foi o mais duro. A estrada não é pavimentada, e por mais que o povo da região diga que ela estava “um tapete”, eu achei horrível. Muitas costeletas e buracos. Fiquei com pena do nosso carro, um Ford Fusion, e dirigi por ela a uma velocidade entre 20 e 30 km/h. Demoramos quase duas horas vencer esta última etapa e chegar em Tagaçaba, mas no fim, tudo certo.

A essa altura meu cunhado já estava nos esperando na casa, visto que ele havia saído antes de nós de Santa Catarina. Não demoramos muito para descarregar o carro e fomos na única pizzaria da região, a pizzaria Toca do Doro. A anfitriã da casa, como cortesia, deixou pago uma pizza para nós. Posso dizer que, apesar de ser um restaurante caseiro e ter um cardápio limitado, a pizza era bem saborosa e o ambiente bastante agradável. Comemos e voltamos para casa para dormir.

Tagaçaba é um vilarejo que pertence ao município de Guaraqueçaba. Tem uma pizzaria, um mercadinho, uma sorveteria, uma… uma coisa de cada coisa básica e dois restaurantes. E só. É um local para quem busca paz e tranquilidade. Possui um rio (Rio Tagaçaba) que deságua na Baía das Laranjeiras, sendo possível entrar e sair do local através de barcos. A casa na qual ficamos, o Refúgio Tagaçaba é uma simpática casinha rústica, porém bastante confortável. Possui uma ótima varanda que convida a qualquer um esticar uma rede e passar um dia inteirinho deitado lendo um livro. O Vígi adorou ficar solto no pátio da casa e ainda aproveitou para dar uma caminhada pela vizinhança.

Por ali permanecemos até dia 1º quando decidimos que não ficaríamos até dia 4 conforme combinado. Eu e a Ju tínhamos ideia de tirar alguns dias para descansar, ler bastante e fazer algumas trilhas. Eu havia pesquisado sobre a Reserva Natural Salto Morato, uma reserva ecológica que fica 34,5 km além. Acontece que meu cunhado estava com os filhos, uma criança e uma adolescente, e eles estavam entediados. Além disso a previsão era de muita chuva, então como a ideia era andarmos sempre juntos, permanecemos juntos quando decidimos encerrar por ali nossa estadia em Tagaçaba.


Pontal do Paraná / PR

Como saímos antes do planejado de Tagaçaba, ficamos sem ter onde ficar, afinal, nossa próxima reserva já agendada seria somente para o dia 06/01. Procuramos uma nova casa, dessa vez no município de Pontal do Paraná, o povo queria praia. Era uma tarefa ingrata achar uma casa desocupada e decente em pleno primeiro de janeiro. Achamos uma no balneário de Shangri-lá e partimos.

A casa parecia ter saído diretamente dos anos 80. Tudo era antigo, da geladeira, passando pelo fogão, pelo tipo de piso e até pelas folhas de papel com avisos deixados pelo anfitrião. Além disso não deixaram o básico quando se aluga algo pelo airbnb, como material para acender o fogão, papel higiênico ou sal. Enfim, agora restava apenas aproveitar os dias e usar a casa somente para dormir e comer. Talvez tenha sido a fase mais dinâmica da viagem, com muitos passeios e descobertas.

Logo de cara peguei o Vígi e fomos até a praia. Quando ele viu a água saiu correndo e entrou no mar. Brincava comigo e corria de tão alegre que estava. Fiquei extremamente feliz de ver o jeito dele. Mais tarde, saímos todos para dar uma caminhada e conhecer o centrinho do balneário.


Ilha do Mel / PR

A imagem apresenta uma colagem de três fotos. A que está na parte de cima mostra a Praia de Fora, a que está na parte esquerda inferior mostra eu e a Ju dentro da voadeira e a que está na parte direita inferior mostra o Farol das Conchas

No nosso segundo dia em Pontal do Paraná, resolvemos conhecer a famosa Ilha do Mel. Li na internet que não era permitido levar cães, então acabei deixando o Vígi em casa (fiquei com o coração partido, afinal essa viagem estava acontecendo por causa dele!). Enfim, faz parte da vida… seguimos até o porto onde partem os táxis náuticos (voadeiras) que levam de Pontal até a ilha. Para quem quiser saber, o custo por pessoa é de R$ 65,00, valor para ida e volta, e cada viagem demora cerca de 10 minutos.

Ao desembarcarmos, podemos ver que o turismo é realmente forte na ilha. É muita gente de um lado para o outro, muitos restaurantes, quiosques, mercadinhos e pousadas. E tem para todos os gostos, desde os estabelecimentos mais roots até os mais sofisticados. Todo esse turismo me preocupa com o fato do que é feito com os dejetos e lixos produzidos no local. Pesquisando, vi que que no Paraná existe o Instituto Água e Terra, uma autarquia que atualmente é vinculada à Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo deste estado, e que está promovendo a implementação do sistema de coleta e tratamento de esgoto. Os primeiros passos foram dados em 2023 e a segunda fase está prevista para 2024. Confesso que fico um pouco mais aliviado que medidas estão sendo tomadas pelo governo estadual.

Fizemos apenas a trilha até o Farol das Conchas, talvez o ponto mais visitado na ilha. O Farol, a mando do Barão de Cotegipe, foi projetado pelo engenheiro Zozimo Barroso e construído totalmente em ferro fundido por P&W MacLellan, em Glasgow, na Escócia, no ano de 1870. Tinha como objetivo auxiliar a navegação no local. Foi inaugurado em 25 de março de 1872. Ele fica no alto do Morro das Conchas e para ir até lá é necessário subir uma escadaria de pedras que considero de fácil acesso. Ao chegar no alto do morro nos deparamos com uma vista muito bonita, na qual podemos contemplar boa parte da ilha, e com um bando de lagartos super dóceis que vieram nos receber. Infelizmente não pudemos entrar no farol, mas nos entretemos alimentando os lagartos com pedaços de maçãs. Ao descermos de lá, passamos o restante do dia na Praia de Fora, uma linda enseada,tendo em um lado o Morro das Conchas e pelo outro um outro morro que não sei o nome, ambos rochosos. Tomamos um baita banho de mar e aproveitamos até o final da tarde. A Ilha do Mel é linda demais, voltaria sem sombra de dúvidas.


Paranaguá / PR

Dia 03 de janeiro e a chuva se fez presente. E não era uma simples chuvinha, era uma chuva que intercalava momentos intensos e outros calmos, mas sempre caindo água. Optamos por passeios em museus e para isso, fomos até Paranaguá. Nosso primeiro destino foi o Aquário de Paranaguá e o segundo o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do Paraná.

Confesso que não esperava muita coisa do aquário, nem sequer pensava em visitar, porém meu cunhado deu essa ideia e fomos todos juntos. Teria me arrependido se não tivesse ido. A empresa paulista Acqua Mundo faz o gerenciamento do local que conta com diversas espécies de peixes e outros animais marinhos, como raias, jacarés e pinguins. Alguns animais que estão lá foram resgatados de situações de maus tratos, como o jacaré, que foi torturado e cegado por alguns retardados mentais que se julgam pessoas.

Sobre o prédio, o local não é grande e parece ter sido construído na década de 70, porém ele é novo, inaugurado em 2014. Existem muitos lugares nos quais são visíveis a falta de capricho por parte dos mantenedores. A loja deveria ser mais atrativa, poderia haver uma cafeteria e restaurante aberto ao público que ajudasse na manutenção do prédio, a limpeza e manutenção dos equipamentos poderia ser mais bem feita… enfim, muitas coisas poderiam ser melhores, mas confesso que mesmo assim é interessante estar lá dentro e ver aqueles animais, principalmente os resgatados sendo bem tratados. Eu gostei e iria novamente.

Logo em seguida fomos no Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR. A começar pelo prédio: é um espetáculo a parte. Um antigo colégio jesuíta transformado em museu. Reformas no piso foram feitas recentemente, a tábua corrida e as escadas são lindas de se ver, ainda mais para um apreciador da marcenaria como eu. Os muros e as paredes do prédio são feitos de blocos de pedras. Boa parte da decoração interna é no estilo industrial, que casa muito bem com o restante. É um prédio muito bem cuidado que por si só já vale a visita. As exposições também foram bastante interessantes, na época estavam havendo algumas exposições, sendo elas:

Cultura Popular: Assim Vivem os Homens:
O primeiro andar do prédio histórico foi ocupado com objetos que representam diferentes saberes, fazeres e manifestações culturais brasileiras. A exposição trata de temáticas como a produção de cerâmica, cestaria e tecelagem, religiosidade, brinquedos e festas populares. \

Lange de Morretes: Uma Viagem Naturalística
A exposição traz ao público um lado ainda pouco conhecido da vida do artista plástico paranaense Frederico Lange de Morretes: sua atuação como Naturalista. A mostra apresenta a relevância de Frederico no campo da Malacologia (estudo dos moluscos), o qual, em suas pesquisas de campo, coletou e catalogou 25 novas espécies, 2 novos gêneros e 3 subgêneros de moluscos, tendo publicado, em sua vida, cerca de 13 trabalhos.
A curadoria da exposição foi realizada pelo Prof. Dr. Carlos Eduardo Belz e Marcos de Vasconcellos Gernet, Doutorando da Pós-graduação em Zoologia – PPGZoo-UFPR), em uma parceria entre o MAE-UFPR, CEM-UFPR (Centro de Estudo do Mar), o Grupo de Malacologia do Paraná e o LEBIO (Laboratório de Ecologia Aplicada a Bioinvasões).

Mestres do Fandango
A exposição “Mestres do Fandango”, realizada com o apoio da Secretaria de Cultura e Turismo de Paranaguá (SECULTUR), presta homenagem aos mestres fandangueiros do litoral do Paraná que tiveram contato com o MAE-UFPR, destacando seu papel na preservação e transmissão de sua viva cultura.
O Fandango, reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, é realizado pelas populações caiçaras do país por meio de elementos como música, dança e instrumentos artesanais.
A história e a relevância cultural do Fandango são trazidas nesta exposição do MAE-UFPR através da apresentação dos mestres fandangueiros homenageados, por meio de fotos, com o objetivo de ressaltar a importância dessa tradição para as comunidades locais e sua relação com o próprio museu.

Lagamar: Mariscos, Pessoas e Outras Histórias
A mostra explora a rica região costeira que se estende do litoral sul do Estado de São Paulo até a costa do Estado do Paraná, abrangendo áreas protegidas e uma das regiões mais produtivas do Oceano Atlântico Sul. A exposição lança luz sobre as paisagens de “áreas úmidas ou lagamares,” onde a cultura caiçara é revelada sob a perspectiva da pesca de mariscos, incluindo ostra, berbigão, mexilhão, bacucu, sururu e almeja. Esta exposição convida você a explorar a trajetória socioambiental desse território e a refletir sobre os desafios contemporâneos que enfrentamos.
A exposição, coordenada por Yara Tavares, é resultado da colaboração entre a Fundação Araucária, UNESPAR – Universidade Estadual do Paraná, IFPR – Instituto Federal do Paraná – Campus Paranaguá, UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa, FUNDEPAG, Instituto de Pesca, e o MAE-UFPR – Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR.

Superagui
Originada a partir do curso “Fotografia e Turismo nas Ondas de Superagui”, sob a coordenação da professora Carla Ruschmann da UFPR Litoral, a exposição destaca imagens e depoimentos que refletem a autenticidade da vida na região. As fotografias e vídeos, capturados pelos próprios moradores com seus celulares, servem como uma forma de comunicação e apoio ao turismo local. O desenvolvimento das imagens expostas seguiu uma metodologia exclusiva, focada em expressar temas como natureza, turismo, pesca, cotidiano e o futuro almejado pelos habitantes de Superagui. A curadoria e organização da mostra são assinadas por Beatriz Leite Ferreira Cabral, Carla Ruschmann, Michele Louise Schiocchet e Nilo Biazetto Neto. O financiamento para a realização deste evento foi viabilizado por meio do edital PROEC/UFPR nº 08/2022, que visa fortalecer programas e projetos de extensão acadêmica.

Logo após, meu cunhado foi ao cinema com a família e eu e a Ju fomos jantar. Fizemos o que eu gosto de fazer, pedir indicações para as pessoas da cidade. Nos indicaram um restaurante chamado Noz Moscada (desculpem pelo link do Instagram, mas era apenas o que havia). O ambiente é bem bonito, aconchegante, caiu bem para um dia de chuvas. Pedimos uma pizza de camarões e uma água mineral para beber. Achei o preço meio salgado (R$ 120,00 a pizza), mas não posso negar que era muito saborosa. Eles utilizam um pouco de fubá na massa, o que dá um toque bem legal no prato. Foi caro, mas valeu a pena.


No dia seguinte 04/01, acabamos por ficar na nossa casa em Pontal do Paraná. O céu ainda estava fechado, porém não chegou a chover. Passamos o tempo com algumas caminhadas aleatórias pelo balneário e pela praia, em casa apenas conversando e até mesmo ajudando minha cunhada a fazer bijuterias. Tiramos o dia para descansar. Juntamos informações sobre como ir à ilha de Superagui, reservamos nosso barco por telefone e nossa casa pelo airbnb. Talvez tenha sido um dos dias que o Vígi mais gostou, pois, estivemos sempre juntos, fosse em casa ou passeando na praia.


Superagui / PR

Dia 05/01, acordamos, tomamos café e juntamos algumas das nossas tralhas mais básicas. Pegamos os carros e partimos novamente em direção à Paranaguá , mas dessa vez com o objetivo de ir até Superagui. Na frente do centro histórico, pelas margens do rio Itiberê, embarcamos em outra voadeira. A saída do porto é bastante bonita, contornando o continente e passando pelo grande porto da cidade, onde é possível ver de perto aqueles navios enormes, coisas lindas da engenharia humana. Fizemos o caminho passando por dentro da baía, por entre a Ilha do Mel e a Ilha das Peças, que segundo eles é mais tranquilo, com menos ondas.

A imagem é uma colagem de três fotos. A primeira foto, que está na lateral esquerda mostra eu vestindo um colete salva-vidas e o Vígi sentado no meu colo, ambos dentro da voadeira, a segunda foto no lado direito superior mostra o Vígi molhado depois de ter tomado banho de mar e deitando na areia, e a terceira foto, na direita no canto inferior, mostra o Vígi passeando num terreno gramado

Essa foi a primeira vez que o Vígi navegou. Ele se comportou muito bem, em nenhum momento demonstrou medo e foi o tempo todo sentado no meu colo, apreciando a viagem.

Ao chegarmos na ilha, desembarcamos na barra de Superagui, local onde os pescadores nativos moram. Foi nesse local que pousamos, dessa vez na casa da Marga. Como a casa principal estava ocupada, ficamos na casa dos fundos. Enquanto a primeira é bem ajeitadinha, a segunda é digamos… simples. Bem simples. Em um primeiro momento tive medo do que me esperaria na noite, visto o calor que estava lá dentro no meio da tarde. O telhado todo é de telha fibrocimento, e em algumas partes da casa não havia forro. Era a telha aquecendo com o Sol e a casa aquecendo com a telha.

Deixamos o Vígi na casa, numa parte mais fresquinha, com as janelas e portas todas abertas, e saímos para dar uma caminhada. Pegamos a trilha que leva até a Praia Deserta, trilha esta que tem exatamente 3,6 Km contando da casa onde estávamos até a praia. É um percurso bastante bonito, passamos por uma parte de mata um pouco mais fechada, contornamos um mangue, vimos borboletas e ouvimos pássaros cantando. Caminhando por ali não estava tão quente, a sombra das árvores ajudavam a nos proteger.

Chegamos na praia e… ok. O nome Praia Deserta faz jus ao nome e não havia praticamente ninguém lá além de nós e de um casal uns 100 metros ao norte. Peguei-me devaneando, pensando em, no próximo dia, pegar uma bicicleta e subir ao norte, até a Enseada da Baleia. Isso daria 30 Km de ida até o local. Cheguei a comentar com a Ju sobre fazer isso, mas logo descartei a ideia. Ficamos um tempinho a mais ali na Praia Deserta, tomamos um banho de mar e resolvemos voltar. Meu cunhado voltou com a família pela mesma trilha que fomos, porém eu e a Ju descemos e contornamos a ilha pelo sul, numa caminhada de 5,1 Km até nossa casa. O Sol castigou, e pegamos ele de frente em quase 100% do trajeto. Apesar disso, foi legal nosso tempo junto, onde aproveitamos para conversar sobre nós e tiramos várias fotos.

Ao chegarmos de volta, notei que o Vígi tinha passado mal. Havia vômitos dele no chão e o coitadinho estava bastante cabisbaixo. Limpei a sujeira e resolvi sair com ele para dar uma volta. Foi um passeio curto e calmo, porém com bastante tempo de rua, para que ele pudesse “pegar um ar”, desopilar, aliviar o stress. Quando voltamos ele estava melhor, inclusive comeu toda a comida.

Já pela noite, os adultos da viagem resolveram dar uma volta para tentar achar algum fandango. Apresentações de bandas fandangueiras acontecem por lá com frequência. Por isso, fomos até o bar mais famoso do local, o Bar Akdov (sim, vodka ao contrário). Não havia fandango algum naquela noite, a apresentação seria no próximo dia, porém a conversa que tivemos com o dono do bar superou qualquer música que eu pudesse ter ouvido. Foi muito legal trocar uma ideia com ele, saber das histórias da ilha e do bar e conhecer um pouco da cultura dos nativos. Ficamos um bom tempo lá e no final, eu e meu cunhado pedimos uma cerveja, que caiu muito bem com o clima que estava. Fomos para casa satisfeitos.

Felizmente a casa estava agradável e, usando um ventilador para dormir, não senti nada de calor.


No dia 06/01 eu e a Ju acordamos cedinho. Ela quis ficar em casa, mas eu peguei o Vígi e saímos para fazer uma caminhada, começando pela beira da praia, enquanto ainda estava fresquinho, e voltando pela trilha que leva até a Praia Deserta, que é abrigada pelas árvores. Andamos cerca de 2,5 km. Ao voltarmos para casa, a Ju quis sair para dar uma volta e me convidou. Peguei o Vígi e saímos novamente. Dessa vez, como o clima já estava quente, o Vígi foi a maior parte do tempo no meu colo. No final da barra de Superagui, paramos para um banho de mar. Que banho gostoso, até o Vígi entrou na água e nadou. Brincou, correu e se divertiu muito. No final da manhã voltamos para nossa casa para arrumar nossas tralhas e voltarmos para Paranaguá.

Com tudo acertado, ficamos esperando a voadeira chegar. Houve um pequeno atraso do pessoal da embarcação, mas nada que prejudicasse. Entramos no barco e ficamos esperando outras três pessoas aleatórias que iriam com a gente. Descobrimos que elas estava esperando o almoço que haviam encomendado, o que nos fez ficar dentro do barco esperando por elas. As ondas estavam mais fortes e a embarcação balançava muito. Em pouco tempo, o Vígi deitou a cabeça no meu braço e senti que começou a babar. Sabia que ele não estava muito bem, porém, não havia nada que eu pudesse fazer, afinal, tínhamos que voltar para o continente. Alguns bons minutos depois, as três pessoas chegaram, embarcaram e fomos embora. Dessa vez pegamos outro trajeto, passando por entre a Ilha do Mel e Pontal do Paraná. O mar estava agitado, com bastante ondas, o que fez a viagem ser bem divertida, porém o Vígi que deve ter odiado. Também passamos bem pertinho dos enormes navios que estavam esperando para atracar em Paranaguá. Lindo demais.

Ao chegarmos em Paranaguá o Vígi se rendeu. Aguentou todo o trajeto, mas quando atracamos e descemos do barco, veio o o vômito. Tadinho… em seguida fomos almoçar num restaurante ali mesmo no centro histórico. Ali foi também nossa despedida, nosso grupo a partir de agora seguiria rumos diferentes. Meu cunhado voltaria para Pelotas e nós retornaríamos para Pontal do Paraná para mais 6 dias de viagem.

Pela tarde, nos dirigimos novamente até Pontal do Paraná e finalmente chegamos onde eu sempre quis estar desde o início da viagem, na casa da Fernanda. Desde que vi o anúncio no airbnb me apaixonei pelo local. O anúncio era de apenas um quarto, porém muito bonitinho, arrumado, o resto da casa também parecia muito bom, e o melhor: a anfitriã tem duas cachorrinhas, a Duna e a Binda. De cara eu pensei: “será um ótimo lugar para o Vígi estar, vai ter companhia canina e quando precisarmos sair para locais onde ele não pode estar, poderei deixar ele sem peso na consciência, pois estará sempre acompanhado”. O único porém foi que a Fernanda não possuía disponibilidade antes do dia 6. Reservamos do dia 06 até o dia 09 de janeiro, avisei ela que o Vígi ia junto, expliquei sobre o temperamento tranquilo dele e ela disse que não teria problema, que poderia levar.

E realmente não estava enganado, a casa foi a melhor da viagem. Um quarto bom, um ótimo banheiro coletivo (no qual a própria anfitriã divide com os hóspedes), uma cozinha completíssima, conjugada com sala de jantar e de estar, ambiente amplo, claro e bem arejado. O pátio gramado. Definitivamente uma casa de praia com cara de casa de praia. A organização da Fernanda também foi um ponto que me chamou a atenção. Existem algumas regras que devem ser seguidas, mas vemos que essas regras estão ali para que haja uma harmonia na casa. E sem contar a própria Fernanda, super prestativa e atenciosa.

No final da tarde, eu e a Ju resolvemos dar uma volta para tomar um café e achamos uma cafeteria chamada Praia Doce. Apesar dos altos preços, os doces e o café estavam muito bons. O ambiente também é muito bonito, com uma decoração que remete ao oceano e coisas do mar. Além dos doces, vendem artesanatos das famílias de pescadores da região. Logo após, voltamos para casa para descansar.


Dia 07/01. Nosso primeiro dia na casa nova e resolvemos fazer um programa mais voltado ao descanso. Como era domingo, o balneário estava lotado, e eu sabia que se resolvêssemos sair de lá, a volta seria bem ruim, com um trânsito super intenso. Acordei e fui a praia com o Vígi. Logo após, voltamos para casa, tomamos nosso café da manhã e fiquei lendo um livro (Duna). Perto da hora do almoço, resolvemos ir à um bar de uma amigo da Fernanda, bar esse no qual ela havia super recomendado: Bar Maresia, na Praia do Canto. O dia estava escandante, o Sol queimava a pele e a praia estava lotada. Conseguimos parar o carro a cerca de 500 metros do local e caminhamos até o quiosque. Pedimos um pastel de camarão para cada um de nós, além de uma porção de iscas de peixe frito. Realmente, a Fernanda estava certa. O pastel estava delicioso, o molho era muito bem feito, temperadinho, pastel frito sem estar encharcado no óleo, bem sequinho. Pedimos outros dois. E mais outros dois. Ficamos um bom tempo sentados e apreciando a bela vista que o local oferece da Ilha do Mel, que fica exatamente na frente do bar. Por volta das 15h pagamos a conta e, pela beira da praia, voltamos para o carro e para casa.

No final do dia saí para passear com o Vígi e caminhamos um bocado pela beira do mar. A noite estava tão boa, que decidi voltar à nossa casa e arrastar a Jú de lá. Retornamos à praia e ficamos os 3 sentados na areia, conversando, ouvindo as ondas, sentindo a brisa suave, vendo os navios atracados em alto mar e observando os vaga-lumes no chão. Um momento simples, mas ao mesmo tempo um momento de grande união, confidencialidade, contemplação e tranquilidade.

Fechamos a noite assistindo os dois primeiros episódios do documentário do 3x Ártico: O alerta do gelo, lançado pela GloboPlay.


No dia 08/01 já sabíamos o que fazer: nosso destino seria alguma trilha no meio do mato. Conversando com a Fernanda, ela sugeriu a Trilha do Salto do Tigre. Isso era uma coisa que eu queria fazer desde o início da viagem e finalmente havia chegado a hora. Pegamos algumas tralhas e partimos para a entrada da trilha que ficava cerca de 40 km da nossa casa. Novamente o dia estava super quente e abafado, e no início da trilha levei, em boa parte do trajeto, o Vígi no colo. Na parte baixa do morro havia bastante lama e mosquitos, porém quanto mais subíamos melhor as coisas iam ficando, mais seco o chão se tornava, a mata fechava (e fazia 100% de sombra) e os mosquitos praticamente desapareceram. Por volta de 1,7 km de caminhada, nos perdermos no meio do caminho. Rota corrigida, seguimos avançando mais 400 m até chegar no local. O banho de arroio foi excelente, a água estava limpa e gelada. O Vígi tomou banho por livre e espontânea pressão da minha parte, que o pegava e colocava no meio da água para ele nadar. Refrescados, pegamos o caminho de volta, e dessa vez o Vígi desceu a pé todo o tempo, pulando pedras e correndo na nossa frente. E sim, ele divertiu-se de montão.

Foto tirada no mirante de Matinhos mostrando eu, a Ju e o Vígi. O Vígi está nos braços da Ju e eu ao lado dos dois. Ao fundo vemos o mar e uma árvore.

Resolvemos jantar na cidade de Matinhos, em um restaurante também recomendado pela Fernanda, Maestro Caramelo é o nome dele. Cães são bem vindos no local, portanto amarrei o Vígi no pé da minha cadeira e aproveitamos a noite. Para o jantar, pedimos uma sequência de frutos do mar. O prato contava com dois siris, duas ostras, peixes grelhados, camarões (super grandes!) e outras coisas que não lembro. Apesar do preço relativamente alto (R$ 198,00), a comida era realmente excelente. Comi e fiquei bastante saciado, portanto, creio que este prato sirva até 3 pessoas que comem de forma “normal”. De sobremesa pedi um quindim. Somando as bebidas, a conta fechou em R$ 253,00, mas que valeram demais, tudo muito gostoso.

Acabamos o dia assistindo o último episódio da série “3x Ártico: O alerta do gelo”. Antes de dormir, a chuva apareceu e caiu muita água, o que fez o calor dar uma amenizada.


Dia 09/01.

Último dia na casa da Fernanda. Pela manhã, eu e a Ju aproveitamos para caminhar pela praia. Saímos de casa e pegamos para o sul, em direção ao balneário de Atami. Atami é uma palavra do japonês que significa “mar quente”. Como o próprio site do balneário diz, “é considerado um dos mais belos e organizados balneários do litoral paranaense, com uma faixa de praia de aproximadamente dois quilômetros, águas relativamente calmas e cálidas”. É possível notar que gente com muito dinheiro mora ou veraneia por lá, pois, é onde se concentram os casarões da cidade, mas apesar disso, o bairro é aberto, onde qualquer um pode acessar e passear. É bastante organizado, bonito e limpo. Possui o melhor calçadão de todo o litoral paranaense, sendo todo calçado e bem arborizado, com árvores que dão sombra (sem aquelas palmeiras inúteis). Gostamos de passear por lá, tanto que, quando saímos da casa da Fernanda para seguir viagem, aproveitamos para passear mais uma vez pelo bairro, mas dessa vez de carro.

Para o almoço de despedida do Paraná, repetimos o local, o Maestro Caramelo. Cada um pegou um prato, eu um risoto de camarões e a Ju um nhoque de banana da terra com linguado. Mais uma vez ambos os pratos estavam muito gostosos e fomos muito bem atendidos. Podemos recomendar à todos o restaurante, sem medo algum.

Logo após enchermos a barriga, voltamos ao carro e nos dirigimos ao sul de Matinhos com o objetivo de pegar a balsa que leva os viajantes até a cidade de Guaratuba. Me surpreendi com o preço da passagem, apenas R$ 8,00 para o carro. Menos de 10 minutos de fila e embarcamos na balsa. A viagem durou outros 10 minutos, e logo desembarcamos na última cidade do Paraná. Pegamos a PR-412 e descemos em direção à Santa Catarina, e quando entramos no estado catarinense, a rodovia virou SC-417. Nosso objetivo era chegar em Imbituba e ficar mais dois dias por lá. No meio do caminho, pouco antes de Florianópolis, o tempo virou e fechou. A chuva caiu pesadamente e atrapalhou demais o transito na BR-101, que já é caótico por natureza naquela região. A viagem de pouco menos de 350 Km, que era para ser relativamente rápida, acabou se estendendo, e chegamos em Imbituba somente por volta das 22h, num total de quase 8 horas de estrada…

Chegamos na nova casa bastante cansados, e eu bastante estressado com o trânsito e com a chuva. A casa era bem simples e um pouco quente, porém serviu bem para o propósito que era apenas de dormir. Depois de um bom banho e uma janta, capotamos.


Imbituba / SC

Dia 10/01.

Pela manhã conversamos com a dona da casa e pedimos dicas de praias. Ela citou algumas, e resolvemos ir na mais próxima, a Praia da Vila. O Sol já brilhava forte às 9 e pouco da manhã, e ao parar na praia, avistamos uma estrutura de shows montada. Pensei apenas na sombra que aquilo proporcionaria, sugeri irmos para lá e a Ju aceitou. Ao chegarmos no local, nos deparamos com uma família de Minas Gerais, e ali, ficamos a conversar durante um bom tempo. Falamos sobre nossas vidas, sobre o Vígi, sobre viagens, e quando ao final da conversa, a senhora mineira nos pergunta onde iremos curtir o dia, ela sugere não perdermos tempo ali e irmos para a Barra do Ibiraquera, cerca de 14 Km de onde estávamos. Seguimos o conselho dela e partimos.

A Barra é muito bonita. Conta com uma lagoa, a Lagoa de Ibiraquera, que é rasa em um bom trecho e possui águas calmas e quentes. Bem quentes. É um local bastante família, gostoso de estar e passar o dia. A Ju se apaixonou pelo lugar. Assim que chegamos fomos almoçar, e resolvemos ir no Restaurante do Zequinha. Eles possuem uma maneira interessante de servir. Ao chegar no local, escolhe-se a proteína, a qual pegamos filés de linguado, e o restante dos acompanhamentos é livre, onde devemos pegar diretamente no buffet. O restaurante é excelente, muito bom, mesmo! O Zequinha e o filho dele, que administram o estabelecimento, são muito prestativos e simpáticos, fomos super bem atendidos por todos os que trabalham lá. O Vígi ainda ganhou um filé de peito de frango grelhado e sem sal, cortesia da casa. Outro restaurante que eu recomendo de olhos fechados para qualquer pessoa.

Pela tarde ficamos na praia e nos banhamos. Aluguei um caiaque e remamos durante uma hora pela lagoa, com o Vígi junto, claro. E não, desta vez ele não vomitou, a experiência é bastante diferente. Pensamos em fazer a trilha até a Praia do Rosa, porém não fizemos devido ao calor e ao Sol da tarde, e ao final do dia, apenas caminhamos até a Praia do Luz e voltamos. Deixamos para fazer a trilha atá a Praia do Rosa no dia seguinte.

Outra colagem com três fotos. Na que está na parte superior da imagem podemos ver apenas o Vígi no alto de uma colina com o mar ao fundo. Na segunda, vemos a Ju agachada em frete a ele e fazendo carinho no pescoço do cachorro. Na última, estou eu agachado em frente a ele e olhando em seus olhos. A montagem mais bonita desta postagem


Dia 11/01.

Depois de uma noite bem dormida em Imbituba, acordamos bem cedo, tomamos café e resolvemos, pela primeira vez em vários dias, deixar o Vígi em casa. Seria muito cansativo para mim e para ele fazer a trilha até o Rosa.

Eu e a Ju pegamos o carro e fomos novamente até Ibiraquera. A praia ainda estava completamente vazia quando chegamos por lá, começamos nossa trilha bem cedo. Passamos pela Praia do Luz, subimos o morro e fomos até o promontório para apreciar a vista do lugar. Magnífica! Estávamos praticamente só nós dois, o mar, o vento e o Sol. No caminho, além de encontramos vacas e bois pastando, vimos muitas borboletas de tudo quanto é cor possível. Juro que não tinha vontade de sair dali.

Foto tirada do alto do promontório e mostrando o paredão de pedras que formam o lugar

Depois de aproveitarmos um pouco a paz que nos era oferecida, descemos em direção a Praia do Rosa. Ao chegarmos lá, nenhum de nós achou “nada de grande coisa”, pelo que muita gente falava nossa expectativa era bastante alta. Pode ter sido isso que afetou nossa percepção. Não predemos muito tempo e voltamos para Ibiraquera para almoçar. Dessa vez fomos no Restaurante da Barra. Apesar de ser bem mais simples que o Zequinha, é bastante competente. Fomos bem atendidos e a comida era boa. Demos um tempo por lá, e no início da tarde voltamos para Imbituba para pegar o Vígi e seguir viagem. Desta vez o rumo era o nosso estado, Rio Grande do Sul, a cidade de São Francisco de Paula.

Pegamos novamente a BR-101 e descemos. Em Terra de Areia (RS), pegamos a RSC-453/ERS-486, mais conhecida como Rota do Sol, nunca havia dirigido nela. Nesse momento voltou a chover, pancadas de chuva forte alternavam com chuvas fracas, o que tornou a paisagem ainda mais bela. Em um determinado momento, depois de subirmos, subirmos e subirmos mais um pouco, passamos por dentro de uma nuvem baixa e carregada, foi lindo demais estar ali naquele momento. A estrada é belíssima, com muitas curvas, aclives e declives. Sensacional dirigir por lá.


São Francisco de Paula / RS

No final do dia, por volta das 18h chegamos na nossa casinha. A casa é a (Studio 307)[https://www.airbnb.com.br/rooms/918330325278409920]. Nossas anfitriãs, a Gládis e a Preice, foram bastante atenciosas e prestativas, nos deixando mimos, inclusive para o Vígi, que teve a caminha dele posta e ganhou um sachê de comida. A casa é muito bonita e aconchegante, e o clima no dia, que era chuva e temperatura em torno de 20°C, acentuaram ainda mais este sentimento. Por causa do tempo, não saímos e ficamos assistindo coisas na TV, coisa que não costumamos fazer normalmente.

Vígi deitado na sua caminha no Studio 307


Dia 12/01, último dia da viagem. Tínhamos ideia de fazer alguns passeios, visitar alguns lugares, como o Mátria Parque das Flores ou o Castelo Montsalvat, porém acabamos desistindo de fazer. Decidimos apernas almoçar em algum lugar e acabamos escolhendo o restaurante Capitão Chaves, que fica junto a famosa Livraria Miragem. Pode-se dizer que o prédio todo é um charme. Construído no início dos anos 2000 (inaugurado em 2007), o complexo conta com a livraria, o restaurante e, aos fundos, uma réplica do primeiro banco da cidade. Exatamente no meio disso tudo, há um pátio com uma grande árvore. Em um quadro exposto, é possível ver o nome de todos os que trabalharam na obra, desde os engenheiros e arquitetos até os carpinteiros, pedreiros e serralheiros. Todos. Mas voltando ao restaurante, primeiro o mais importante: ele aceita cães. O Vígi pôde entrar e ficar junto de nós todo o tempo no qual estivemos por lá. A comida é toda vegetariana, e eu acabei pedindo um prato feito a base de feijão, o qual não recordo o nome. Gostei bastante, muito saboroso, ainda mais levando em conta que estava o tempo bem fresquinho.

Logo após almoçarmos, fomos visitar a livraria, e ela é bem maior que aparenta. Construída com tijolos e muita madeira, a decoração é um charme à parte, contando com muitos objetos antigos, como relógios, lustres, mesas, cadeiras, armarinhos, vitrolas e até um piano no andar superior, no qual é possível tocar. O andar térreo conta livros novos, porém nos de cima podemos ver que a livraria vira um sebo. Tanto eu quanto a Ju notamos que, apesar de muito bonita e bem conservada, o acervo de livros novos é bastante reduzido. Acabamos não comprando nada, mas valeu a visita e o almoço.

Antes de sairmos da cidade, fomos até o Lago São Bernardo. Ao redor do lago existe um parque muito bonito.

De lá, viemos diretamente para Pelotas, parando apenas para abastecer o carro em Eldorado do Sul. Chegamos em casa exatamente às 22h, depois de 2.692,8 Km percorridos pelo sul do Brasil e 53h43m11 dentro de um carro. Incrivelmente, se for analisar toda a viagem, o Fusion fez uma média de 13,69 litros por quilômetro, o que é um número excelente visto o seu motor e o conforto que ele oferece.

Posso dizer que todos amamos essa aventura, eu consegui relaxar e voltar a focar nos meus objetivos, me diverti com todos, principalmente com a Ju e com o Vígi, amo demais esses dois. Notei que a Ju também voltou mais leve, mais feliz e inspirada. E o Vígi… bem, tenho certeza que essa viagem vai ficar marcada na cabecinha dele para todo o sempre.


Wind in my hair, I feel part of everywhere •
Underneath my being is a road that disappeared •

Eddie Vedder - Guaranteed